domingo, 22 de junho de 2008

Prisioneiros de Lisboa


Quando os sons se vão e o silêncio impera, eu, Lisboa, escura pela luz que se vai e aquela que vem, sou tomada pelos meus prisioneiros que emergem das minhas sombras, ocupando cada metro de mim, sendo ruas vazias, becos sombrios e ruelas estreitas. Cada prisioneiro meu é um rosto, uma vida e uma história, alguns são obscuros e duros, e outros mais frios que a frieza, por causa das suas vidas desfeitas ou pelas vicissitudes do viver. Hoje sou cidade e metropolitana, porque suporto a mendicidade, a prostituição e toxicodependentes como situações normais. Alguns dizem que eles têm direito aos becos, às ruelas e aos cantos. Também podem vender os seus corpos nas minhas afamadas avenidas, enquanto os cantos e becos podem servir como salas de chutos. E eu, Lisboa, uma pessoa e uma cidade, sou culpada sem culpa, por ser este palco para a degradação de algumas vidas, apenas sei acolher sem perguntar os porquês e as razões. Mas sou lar dos sem abrigo, posto de prostitutas e sala para os toxicodependentes. Eu não sei ser outra prisão, onde todos são livres e acorrentados pelos desejos, prazeres, vícios e necessidades.
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